Para obra de Gabriel Abrantes
Local: Azinheiras
Memória Descritiva
O pavilhão proposto desenvolve-se a partir da criação de dois espaços concêntricos com funções distintas: o espaço intersticial e o espaço central. A espacialidade cilíndrica enfatiza a centralidade da obra a expor, que assume uma importância crucial no desenho do espaço. Esta é reforçada pela anulação de uma entrada principal em prol de uma segunda fachada, exterior, permeável a partir de três pontos que dividem a entrada no pavilhão pela sua periferia, potenciando diferentes acessos e relações com o Jardim de Serralves.
Para obra de Jonathas Andrade
Local: Lago
Memória Descritiva
O Parque de Serralves apresenta-se seguro, harmonioso, intemporal.
A "incerteza” é trazida à discussão pela Bienal de São Paulo e habita também o projecto destes pavilhões, que são ao mesmo tempo Homem e Natureza, com tanto de racionalidade como de espontaneidade, com tanto de artificialidade quanto de naturalidade.
Partindo das texturas características das diferentes zonas do parque os pavilhões aparecem, estranhos, como pedaços do próprio parque. As suas formas referenciam-se no Museu, estabelecendo com ele uma relação indirecta, utilizando-o como cobaia, roubando-lhe alguns dos seus espaços ao mesmo tempo que os transforma em algo novo, alterando-lhes o contexto, a volumetria e a materialidade. As formas criadas, inusitadas, aparecem nos diversos quadrantes sempre diferentes e desconhecidas dialogando de forma paradoxal com o parque e com o visitante. Ao mesmo tempo que se "camuflam” no ambiente em que são implantadas, escolhem ser corpos estranhos quebrando a sua leitura de pertença àquele lugar e reforçando o seu carácter temporário.
O estudo que aqui apresentamos faz o exercício completo para 5 pavilhões, explorando ao máximo o circuito pelo parque e a relação com as suas texturas. Cada um dos pavilhões parte de um polígono extraído da planta do Museu, que depois se implanta no parque, e se reveste com a sua envolvente. Os pavilhões resultam singulares na sua forma e materialidade, mas formam um conjunto coerente tendo como base o mesmo principio gerador e a mesma forma de montagem.
O sistema construtivo é simples e pouco intrusivo, próprio de um pavilhão de carácter temporário. É composto por uma estrutura base em madeira pré-montada, sobre a qual é aplicada uma placagem de madeira, revestida por uma camada de impermeabilização e finalmente por uma textura de acabamento.
Nos pavilhões localizados no bosque, prado e Casa de Serralves, o desafio de tornar as texturas do pavimento em matéria construída é aproveitado como uma possibilidade de investigação. Procuram-se técnicas de decalque que transportam a substância do terreno para as fachadas, utilizando uma camada agregadora do tipo "latex” que permitindo ocasionalmente pontos de transparência.
Nos pavilhões localizados no lago e no jardim das aromáticas usam-se superfícies de vidro, no primeiro caso para espelhar a água e a paisagem envolvente, no segundo para reproduzir de forma nova e inventiva o revestimento da estufa existente.
Para obra de Cecilia Bengolea
Local: Espelho de Água
Memória Descritiva
Um misterioso cubo monumental é a nossa proposta para um pavilhão polivalente e temporário em Serralves.
Por fora é monumental, industrial, por dentro macio, abstrato. Os finos cortes desafiam a estrutura do cubo e dão ao pavilhão subtileza apesar das suas dimensões.
O revestimento a chapa ondulada envelhecida evoca as cortinas de cinema ou teatro, com a sua ondulação e o seu tom vermelho mas ao mesmo tempo o pavilhão poderia ser confundido com um pequeno armazém desde sempre implantado no jardim.
Ao entrar pelas monumentais frestas, o tom do pavilhão muda imediatamente para um espaço quase imaterial, de paredes brancas bem acabadas. Os elementos naturais como o chão de relva, algumas pedras que servem de bancos e os rasgos que deixam antever pequenos pedaços de céu e terra contrastam com a materialidade quase excessiva da construção e desse contraste surge um espaço soturno que confronta o homem e a natureza.
Para obra de Priscila Fernandes
Local: Prado aromáticas
Memória Descritiva
‘folly’
uma estrutura racional encerra um volume cúbico. a métrica compreensível dos elementos de madeira encontra um desacerto nas proporções dos vãos e no uso das cores. um plinto anula a relação da construção com o terreno acidentado e dois elementos em mármore assinalam as entradas. no interior, uma obra de arte.
um ‘folly’ (em inglês, "loucura", "disparate"), como a própria palavra denuncia, é um edifício extravagante, frívolo ou irreal, pensado mais como expressão artística do que por razões funcionais.